segunda-feira, março 11, 2013

Ninguém gosta de fantasmas


Depois de o escrever será tarde demais, estará escrito
E poderá ser dito que, um dia, eu o pensei.

Terei pensado, de facto
E cometido o erro de o escrever, de lhe dar corpo
Remeter tudo para tinta, papel
E perpetuar-lhe o destino. Tu.

Depois de o escrever...

Não que me apontem o dedo e digam:
"Eis o homem que escreveu!"
Que gritem "este homem mentiu!"
Ou que o mundo se solte das fundações.
Não.

Serão apenas palavras sem sentido,
Tê-lo-ão perdido algures depois, talvez não todo mas a maior parte
E continuarão a existir, apenas como fantasmas.

Mas ninguém gosta de fantasmas.