sábado, outubro 16, 2010

pág. 27, caderno azul

Por vezes parece alterável, como nos filmes que conhecemos e que ao rever ficamos à espera que seja desta que ela não abra a porta ou que ele não morra na explosão.
Por vezes parece alterável.
E por vezes pareces tu, mas quase nunca és tu.

Há qualquer coisa de gratificante em não esquecer.
Não me perguntes o quê, porque não sei.
Por vezes parece alterável.

terça-feira, setembro 14, 2010

pág. 12, caderno azul

No dia em que me esquecer de uma serie de coisas terei-me esquecido de uma serie de coisas que estava ansioso por esquecer.

Mas esquecer não será o verbo, nem ansioso o adjectivo.

segunda-feira, agosto 02, 2010

Recordar, parte 1

Quando lembramos algo, manipulamos.
Desfocamos o que envolve e concentramo-nos no centro da imagem, esbatemos tudo o resto para fazer sobresair algo que queremos viver outra vez.
E nada se vive duas vezes.

quarta-feira, julho 07, 2010

Velocidade

Costumava andar de triciclo aqui em casa.
Na imagem que tenho desses dias lembro-me de andar muito depressa - nestas mesmas divisões que hoje percorro a pé - e da "curva da derrapagem", que basicamente era - e é - uma curva de 180º em mosaico que une a cozinha à sala pela marquise e onde as rodas de trás escorregavam sempre e faziam o triciclo bater contra o móvel da televisão.

Era a minha curva favorita.
Num sabado à tarde estava na cozinha em frente do frigorifico e - ao arrancar - os pedais partiram-se e o triciclo foi arrumado.

Ainda o tenho.

sábado, junho 12, 2010

Serviço de Censura - Introdução

Criei há alguns meses - um ano, provavelmente bastante mais - aquilo que penso ter sido uma especie de censura a tudo o que queria dizer e escrever (principalmente escrever porque sempre duraria mais algum tempo - embora acredite que pouco mais).

Com objectivos pouco claros, o resultado surgiria em inicios de 2010 naquele que considero ter sido o meu melhor estudo realizado até ao momento - mesmo sabendo que não estava nem estou minimamente qualificado para tal.


terça-feira, junho 08, 2010

Como água

Eu tinha um esquema:
Quando queria chegar ao armário dos copos tinha de encostar o banco que costumava estar junto do fogão - e que ainda hoje está lá - à bancada da cozinha e subi-lo para, depois, subir com cuidado para a bancada, primeiro de joelhos e depois - só após me agarrar ao dito armário dos copos - de pé.
Aí era só abrir a porta, agarrar um copo, fechar a porta e descer.

Lembro-me tão bem como se fosse ontem.
Lembro-me de o estar a fazer e pensar "ainda bem que não está ninguém a ver".

domingo, junho 06, 2010

Em 3, 2, 1

Tudo tem um começo e, invariávelmente, tudo tem um fim.

Este é o inicio.
O fim ninguém verá.